Ontem estive no IFRJ para conferir uma importante assembleia sobre segurança pública em Nilópolis, atividade organizada por estudantes e professores que compõem o coletivo Nós por nós. Porém, infelizmente, todos os presentes acabaram se tornando testemunhas de um ato de repressão e autoritarismo sem precedentes por parte da direção daquela instituição.
Já participei de várias atividades em diversas universidades e nunca presenciei nada igual. A direção cooptou as autoridades convidadas e USURPOU o evento, retirando os estudantes da mesa organizadora e tomando pra si as rédias da atividade. Desta maneira, transformou um espaço que tinha o objetivo de colocar frente a frente prefeito, demais autoridades e população em um seminário de orientação preventiva, onde se orientou, dentre outras coisas, a como evitar ou amenizar os impactos de ser assaltado. A culpa é da vítima, pelo visto.
Em protesto, estudantes deixaram o espaço e organizaram sua assembleia no pátio, dando voz e protagonismo aos moradores, os estudantes e as vítimas, incluindo a mãe de um ex-aluno assassinado em decorrência da violência local, que prestou uma emocionante declaração de indignação e dor. Por todo o Brasil, estudantes têm dado uma verdadeira aula de democracia e participação popular, e o coletivo Nós por nós é um belo exemplo disso. A periferia não se cala!
Precisamos superar esta lógica de imposição de violência e silenciamento que historicamente violenta a Baixada Fluminense e a periferia, inclusive nos espaços de interação, sociabilidade e aprendizado. As universidades, para além do instrucionismo, precisam cumprir com seu fundamental papel social e político. Muita luta pela frente! É nós por nós.
– “Paz sem voz não é paz, é medo!”
Rennan Cantuária é estudante de Ciências Sociais no IFCS-UFRJ, coordenador do Nilópolis Debate e do Cineclube Toca da Coruja e militante do PSOL em Nilópolis.